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9 tendências para ficar de olho em 2023

Desde a descentralização da internet até o uso da tecnologia no campo, confira assuntos para ficar atento ao longo do ano!

TENDÊNCIAS16/01/202312 minutos de leitura

Todos os anos, muitas tendências se destacam e geram perspectivas para o futuro. Algumas delas se consolidam e constroem novos cenários para a inovação e os negócios. Outras acabam precisando de mais tempo de amadurecimento. Por fim, há, ainda, aquelas que não se estabelecem e são deixadas para trás.

Identificar tendências não é uma ciência exata, mas é, sim, uma habilidade muito importante na hora de inovar. Quem consegue visualizar o avanço das tendências e entender como aproveitá-las agrega competitividade aos negócios.

Neste artigo, nós mostramos algumas tendências que viraram realidade em 2022. Agora é hora de listarmos os assuntos para ficar de olho no novo ano. Essas são as tendências para 2023 que merecem a atenção da sua cooperativa. Boa leitura!

1. Consolidação da Web3

A internet está no caminho da descentralização. A tecnologia de blockchain, que funciona como um banco de dados sem controlador central em que as informações podem ser conferidas por qualquer pessoa, possibilitou o desenvolvimento das criptomoedas e DAOs, por exemplo.

As DAOs são Organizações Autônomas Descentralizadas regidas por meio de contratos inteligentes registrados na blockchain. Suas tarefas são descritas em código e não demandam intervenção humana para funcionar. Assim, elas são financiadas através da compra de tokens – uma espécie de moeda interna própria -, que dão direitos a votos nas tomadas de decisões.

Esse fenômeno tira o poder das grandes corporações de tecnologia e coloca os usuários como protagonistas do ambiente digital. Na Web2, atual estágio da internet, as big techs concentram muita força.

Nova era

Tal mudança na lógica da internet caminha para ganhar escala e proporcionar uma nova fase para as redes: a Web3, ou Web 3.0. Centrada nos internautas, a internet que se projeta para o futuro será mais democrática.

O amadurecimento da Web3 deve acontecer a partir da utilização de suas ferramentas para o desenvolvimento de novos produtos e serviços. NFTs, os tokens não-fungíveis, podem ser usados como ingressos para eventos, por exemplo.

Contudo, a nova era da internet precisa agregar valor para mais pessoas para que possa se consolidar para o público amplo.

Web3 em foco

O mundo da inovação já está de olho no desenvolvimento da Web3. Conforme noticiamos aqui no InovaCoop, a nova era da internet foi destaque no South by Southwest (SXSW), um dos principais eventos de inovação e tecnologia do mundo.

No SXSW, a futurista Amy Webb disse que o Metaverso, um mundo digital de convivência, onde pessoas interagem entre si e com outros objetos por meio de avatares, será a maior expressão da Web3. Esse contexto vai empoderar os usuários no controle de seus dados pessoais, em um cenário otimista, ela argumentou.

As discussões sobre o potencial da Web3 também fizeram parte do Web Summit, como também relatamos neste artigo. O evento proporcionou discussões sobre a maneira que o blockchain pode ajudar a tornar a sociedade mais inclusiva e como a descentralização tem o potencial de impactar o mundo do entretenimento.


2. Sistema financeiro descentralizado e digital

Não é só na internet que a descentralização ganha força. No universo dos serviços financeiros, essa também é uma tendência que pode se consolidar em 2022 - inclusive por meio de intersecções com a Web3.

As criptomoedas, que já têm uma estrutura estabelecida, ainda não apresentam aplicações práticas para transações do dia a dia. Os custos e tempo de efetivação para as transações são impeditivos para uma adesão maior. Pode ser que 2023 seja o ano em que os avanços tecnológicos enfim possibilitem a maior difusão dos serviços financeiros descentralizados.

Segundo a futurista Amy Webb, as finanças descentralizadas têm o potencial de promover a inclusão financeira e o acesso ao crédito, tudo isso de forma mais simples para mais pessoas.

Outro sintoma que indica o amadurecimento da criptoeconomia é como a regulação sobre elas está crescendo. Isso deve proporcionar uma sensação maior de segurança para pessoas que ainda estão céticas com a tecnologia. O sucesso das fintechs e a criação do real digital, entretanto, apontam que o futuro do sistema financeiro é digital.


3. Progressos nas tecnologias verdes e agenda ESG

A consolidação da agenda ESG deve impulsionar o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e organizações que carregam a preocupação ambiental no DNA terão cada vez mais vantagens competitivas.

Esse cenário deve impulsionar o protagonismo das tecnologias verdes em 2023. Afinal, as pessoas estão questionando mais o impacto ambiental dos bens que consomem. Explicamos essa mudança no comportamento de consumo, sobretudo por parte das gerações mais jovens, neste post.

As cadeias produtivas de produtos tecnológicos terão de se adaptar às novas demandas verdes. Com isso, as fabricantes terão de encontrar saídas para otimizar a extração de materiais utilizados para a produção de gadgets, por exemplo. A questão energética também é central e engloba por todo o ecossistema de tecnologias em nuvem.

Reforma energética

O conflito na Ucrânia abalou o fornecimento de energia para diversos países da Europa e sublinhou a necessidade de desenvolver novas fontes de energia verde.

Uma reforma da matriz energética não é algo que acontece da noite para o dia, mas 2023 deve proporcionar o ponto de partida para as iniciativas em prol dessa transição energética. Ao mesmo tempo, a indústria também deve impulsionar a adoção de produtos energeticamente mais sustentáveis, como é o caso dos veículos elétricos.


4. Evolução da indústria 5.0

Após o estabelecimento da Indústria 4.0, que agrega uma série de tecnologias como internet das coisas, inteligência artificial e robôs autônomos para potencializar a produção industrial, uma nova fase se aproxima. É a indústria 5.0, apontada como um momento de humanização dos meios de produção.

O conceito da indústria 5.0 almeja resgatar as características humanas da produção em comunhão às tecnologias adotadas pela indústria 4.0. Ela nasce da percepção de que a tecnologia, sozinha, não é a solução para todos os problemas.

A ideia da indústria 5.0 é de que, mesmo com o avanço da automação, a colaboração das máquinas com os humanos é imprescindível. Isto é: apesar da inegável importância da robótica para os processos industriais, a inteligência humana será a protagonista. 


5. Hiperpersonalização, comportamento e experiência do cliente

A gestão orientada por dados já é realidade e, em 2023, os dados serão cada vez mais utilizados para entender o comportamento dos consumidores e ofertar serviços e produtos personalizados para cada pessoa.

Com isso, a tendência é que os dados coletados sobre o comportamento dos consumidores sejam utilizados para otimizar a experiência e a jornada de compra. Ferramentas como o open finance já funcionam dentro dessa lógica, que deve ir se consolidando com o tempo.

Toda essa jornada envolvendo informações tem o objetivo de melhorar a experiência do cliente, o que gera fidelização e construção de marca. A MJV Innovation ilustra a importância de proporcionar uma experiência positiva com os seguintes dados:

  • 32% dos clientes deixam de fazer negócios com uma marca após uma experiência negativa.
  • 72% dos clientes compartilham com seis ou mais pessoas suas experiências de compra positivas.
  • 13% dos clientes insatisfeitos, por outro lado, compartilham a experiência negativa com 15 ou mais pessoas.

Usabilidade e interface

O ano de 2023 irá privilegiar os negócios que priorizam seus clientes uma vez que, quando eles aprovam a experiência, ficam mais propensos a retornar e divulgar. Seguindo essa linha, no ambiente digital, dois conceitos devem ganhar protagonismo:

  • Experiência do usuário (UX): processo em que as marcas desenvolvem experiências valiosas e significativas para o cliente de um produto ou serviço específico. Isso envolve o design de todo o processo e busca entregar boas experiências ao usuário, incentivando hábitos e comportamentos.
  • Interface do usuário (UI): voltada para o layout gráfico e as interfaces para produtos ou serviços. Trata-se da disciplina que estuda a maneira com que os usuários interagem com um determinado aplicativo, monitor, dispositivo ou software.


6. Data driven

Seguindo a seara dos dados, eles devem se consolidar como um recurso essencial para a gestão e a tomada de decisão. A consultoria Deloitte, por exemplo, acredita que a tomada de decisões baseada em dados será parte do “novo normal”.

Que os dados ajudam a obter bons resultados nos negócios, já sabemos. Um estudo da Cognopia mostra que companhias que tomam decisões com base em dados têm uma probabilidade 19 vezes maior de serem lucrativas do que as administradas instintivamente.

Diante desse cenário, 2023 será o ano da estruturação de dados. Afinal, não adianta tê-los  disponíveis sem a capacidade de tratá-los e transformá-los em informação. Com dados de qualidade e implementação adequada, as organizações podem tomar decisões por meio de análises preditivas.

Dados coletados incorretamente ou armazenados de forma ineficaz podem perder o seu valor. Além disso, será importante entender que quantidade de dados não é sinônimo de qualidade. Ou seja: mais do que coletar muitos dados, o valor está em obter os insights relevantes que vão proporcionar inteligência de mercado.


7. Protagonismo das soft skills

Em meio a um ambiente profissional com alta demanda por profissionais de tecnologia e com conhecimentos técnicos das novas ferramentas, o grande diferencial do mercado de trabalho estará nas soft skills, que são habilidades interpessoais e emocionais.

O profissional moderno não deverá limitar suas habilidades ao conhecimento técnico ligado diretamente à sua área de atuação. Afinal, independentemente da função ou expertise de trabalho, os profissionais precisam prosperar em uma rede de relações com colegas, clientes, chefes e subordinados. Assim, as relações humanas são fundamentais.

Algumas soft skills para aprimorar em 2023 são:

  • Inovação: como a psicóloga Fernanda Furia explicou aqui no InovaCoop, a inovação é um processo mental que pode ser estimulado e demanda o desenvolvimento das capacidades psicológicas e a criatividade.
  • Adaptabilidade: pessoas que conseguem encarar mudanças como oportunidades de aprendizado são importantes em um mundo dinâmico cheio de novidades.
  • Colaboração: o trabalho em equipe está em alta. Quem consegue ajudar quando pode e pede ajuda quando precisa reforçar a unidade das organizações.
  • Comunicação: passar mensagens com clareza e assertividade contribui para a resolução de problemas com fluidez e afasta ruídos que resultam em mal-entendidos.
  • Negociação: é uma habilidade útil para todos os tipos de relações, envolvendo a capacidade argumentativa e a empatia.
  • Inteligência emocional: a capacidade de entender e gerenciar as emoções é essencial para o trabalho em equipe e demanda um alto nível de autoconhecimento.


8. Diversidade, equidade e inclusão

Durante a Semana de Competitividade organizada pelo Sistema OCB, Gabi Augustini e Silvana Bahia, respectivamente fundadora e a diretora-executiva da Olabi, falaram sobre o papel da diversidade como fator impulsionador dos negócios.

Silvana explicou que os espaços não são ocupados de forma a refletir a sociedade. “Fato é que 85% dos juízes são brancos, mesmo com 56% da população negra”, exemplificou. Todavia, a diversidade e a inclusão são bons para os negócios!

“Percebemos mundo afora que as organizações de variados portes e tipos se tornam mais fortes quando o clima organizacional conta com a diversidade em seus quadros”, explicou Silvana.

Inclusão dá resultado

A pesquisa “Diversidade de Gênero no Conselho e Inovação Corporativa: Evidências Internacionais”, publicado no Journal of Financial and Quantitative Analysis, da Universidade de Cambridge, concluiu que empresas com conselhos diversificados têm mais patentes inovadoras e maior eficiência em suas inovações.

Além disso, de acordo com mapeamento feito pela 100 Open Startups, 40% dos programas de inovação aberta no Brasil são liderados por mulheres. Ou seja, a diversidade torna as organizações mais inovadoras e competitivas.

Em meio ao aumento da demanda pela agenda ESG, que inclui a responsabilidade social, e os impactos positivos nos negócios, iniciativas inclusivas devem ser cada vez mais frequentes em 2023. Augustini afirma que o ponto de partida para a inclusão é o diagnóstico interno da organização para entender o que é possível fazer para criar um conjunto de pactos e metas:

“O diagnóstico auxilia na criação de metas, mas outros indicadores podem ser formulados ao longo do processo. As ações de conscientização de gênero, racial e de outros públicos minorizados na história podem surpreender e criar oportunidades de mercado”.


9. Crescimento das agritechs

O setor agropecuário absorve inovações e tecnologias a fim de aumentar a produtividade, melhorar a qualidade da produção e reduzir os impactos ambientais. Mesclando o campo com as características da economia digital e cultura de startups, surgiram, então, as agritechs.

Dessa forma, as agritechs estão surgindo para apresentar soluções tecnológicas ao campo, englobando uso de drones e plataformas de previsões meteorológicas, por exemplo.

No Radar da Inovação contamos a história da parceria entre a Cooperativa Vinícola Aurora e a startup agro Jahde Tecnologia para o desenvolvimento de um sistema de sensores que monitoram a propensão para desenvolvimento de doenças e otimizam o uso de fungicidas.

Diante dos desafios que o setor de produção agropecuária enfrenta para aumentar a produtividade de forma sustentável, a tecnologia desponta como uma grande aliada. Com isso, as agritechs devem ser cada vez mais importantes na contribuição para o desenvolvimento tecnológico do campo.


Conclusão

Como vimos, identificar as tendências resulta em ganho na competitividade e solidez nos negócios da cooperativa. Que tal, então, aprender como descobri-las e acompanhá-las?

Para isso, o InovaCoop produziu, em parceria com a Descola, o curso de “Pesquisador de tendências”, ensinando a mapear tendências; diferenciar o que é tendência do que não é; usar essas informações a favor do seu negócio.

Outra forma de identificar tendências comerciais importantes é por meio da neurociência do consumo. Portanto, também fique de olho no material que produzimos para te apoiar nessa atividade. A partir das conclusões alcançadas, é hora de planejar novas experiências com o design de serviços.

Mas, além de identificar as tendências, os cursos do InovaCoop também podem te ajudar a colocá-las em prática. Já que falamos sobre soft skills, por que não aprender uma das mais importantes delas: a resolução de problemas complexos? Assim você estará preparado para encarar as mudanças que seguirão ocorrendo no futuro.

Conteúdo desenvolvido
em parceria com

Coonecta