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9 tendências de inovação para o cooperativismo em 2021

Veja como preparar a sua cooperativa para os desafios que vêm pela frente

TENDÊNCIAS12/01/202113 minutos de leitura

O mundo não voltará a ser como era antes da pandemia. As transformações, que vieram para ficar, colocaram à prova o poder de gestão e enfrentamento à crise de milhares de organizações. Foi preciso não só se adaptar, mas evoluir em termos de formatos de trabalho, agilidade, digitalização, inovação e tantos outros desafios.

Ou seja, passado o “modo sobrevivência”, focando apenas no que era essencial, é momento de se reorganizar e entender o que vem pela frente. Por isso, o InovaCoop selecionou 9 tendências importantes para o cooperativismo brasileiro do ponto de vista da gestão das cooperativas.

Se sua cooperativa pretende se manter atual e inovadora, fique atento às nossas dicas! Inclusive, se desejar se aprofundar no mapeamento de tendências e entender o “novo normal” a partir de diversas pesquisas de mercado, baixe agora o nosso e-book “mapear tendências: dicas para planejar o futuro de sua cooperativa”.

1. Programas de inovação aberta

Embora não seja uma novidade, os programas de inovação vêm se consolidando no cooperativismo e ajudando diversas cooperativas a superarem a crise. Inclusive, o vencedor do prêmio SomosCoop Melhores do Ano 2020, na categoria Inovação, foi um programa de inovação aberta: o Avance Hub, da Coplacana.

Além disso, vimos em 2020 o lançamento de hubs de inovação no cooperativismo, programas de relacionamento com startups, programas de ideias (intraempreendedorismo), entre outras iniciativas. Por exemplo:

Esses são apenas alguns exemplos (clicando em cada um você tem mais informações) que mostram a importância de inovar em parceria, pois é uma forma de acelerar o processo. Saiba que um programa de inovação permite criar uma cultura de inovação dentro da cooperativa, possibilitando o desenvolvimento de novos processos de trabalho, novos produtos e serviços, melhoria contínua etc.

E o mais interessante é que, em geral, um programa de inovação cria um ambiente apartado da operação para evitar que as iniciativas sofram ou exerçam interferências no negócio. Dessa forma, há mais liberdade para trabalhar a aprendizagem e as experimentações.

Há companhias, como o Lego, que trabalham com inovação aberta a partir dos próprios clientes, que podem compartilhar suas ideias e sugestões com a empresa. Outras, como o Sicredi, simplesmente lançam desafios de negócio e abrem chamadas para startups que podem resolver tais desafios. Assim, gera um aprendizado mútuo e uma relação ganha-ganha entre cooperativa, startups e outros atores envolvidos. 

2. Cooperativismo de plataforma

Não é novidade que o modelo de negócio de plataforma tem revolucionado setores inteiros. Por definição, uma plataforma é uma organização que viabiliza interações entre produtores externos e consumidores, oferecendo regras e uma infraestrutura para que elas ocorram de forma eficiente e segura. Assim, logo lembramos de empresas como Uber, iFood, Amazon, Google, Apple, Airbnb e muitos outros gigantes da tecnologia.

Mas não são só as empresas mercantis que estão adotando esse modelo. Cooperativas do mundo todo estão unindo as bases do modelo de negócio de plataforma, com a doutrina cooperativista, e dando início a um novo tipo de negócio: as cooperativas de plataforma, que passam a ganhar mais relevância pós-pandemia.

Afinal, há uma demanda crescente por plataformas e negócios digitais, conforme explica Mário De Conto, diretor geral da Escoop. “Em 2020, notadamente no contexto da pandemia, esse modelo de negócio foi evidenciado por diversos fatores, como o desenvolvimento exponencial do comércio online, a necessidade dos empreendedores na utilização de plataformas digitais para manter seus negócios, a utilização em larga escala de aplicativos de entregas, entre outros”, explica.

Mas engana-se quem pensa que cooperativismo de plataforma é algo voltado apenas para novas cooperativas. As cooperativas tradicionais também podem tirar proveito do surgimento das plataformas. Aliás, algumas cooperativas, em especial as grandes e as confederações, já estão fazendo essa transição. Elas estão se movimentando para se tornarem plataformas digitais facilitadoras e intermediadoras de negócios, tanto entre cooperativas, como entre seus associados e outras empresas.

Um exemplo é a criação da plataforma cooperativa Ciclos pelo Sicoob Central ES, que identificou a necessidade de ir além da oferta de serviços financeiros e oferecer novos produtos e serviços aos cooperados de suas singulares. Hoje, a Ciclos oferece serviços de telecom, energia limpa e, em breve, também planos de saúde e marketplace.

Se você deseja saber mais e se aprofundar no tema, recomendamos a leitura do nosso e-book “Cooperativismo de Plataforma: desafios e oportunidades”.

3. Ecossistema de negócios integrados

Um artigo da McKinsey do começo de dezembro de 2020 chama atenção para um tema que deve ganhar mais relevância em 2021, inclusive no Brasil: os ecossistemas de negócios integrados. A consultoria estima que esse setor pode chegar a 30% de participação na economia mundial até 2025. Para se ter ideia, hoje eles representam entre 1 e 2% da economia. 

Basicamente, estamos falando de plataformas digitais integradas, nas quais os usuários conseguem consumir serviços e produtos variados condensados em um mesmo lugar. O ecossistema age como um orquestrador: conectando provedores terceiros a consumidores. A vantagem para o usuário é poder fazer tudo com um mesmo login e forma de pagamento, passando com facilidade de uma oferta a outra, e alavancando rewards e programas de fidelidade.

Dois bons exemplos são a chinesa Alibaba e a brasileira Magazine Luiza. As duas apostaram na criação de complexos ecossistemas, interligando todas as pontas da cadeia varejista para a construção de redes inteligentes de negócios.

Uma característica marcante do Alibaba é que ele não compra nem mantém estoque - e também não tem logística própria. É uma estratégia diferente da Magazine Luiza, por exemplo, que além do estoque e logística de parceiros, também têm suas próprias estruturas.

"O Alibaba é o que se obtém quando todas as funções associadas ao varejo são coordenadas on-line numa rede ampla alimentada por dados de vendedores, anunciantes, prestadores de serviços, empresas de logística e fabricantes", resume o presidente do conselho acadêmico do Grupo Alibaba, Ming Zeng.

Tanto Magazine Luiza como Alibaba têm no efeito de rede um importante gerador de valor. Pois o efeito de rede permite que pessoas ou empresas cooperem on-line para resolver problemas empresariais com muito mais eficácia e eficiência do que qualquer participante conseguiria por meio de uma integração vertical, em um modelo de cadeia linear. 

4. Intercooperação

O sexto princípio do cooperativismo nunca esteve tão atual como agora, sendo colocado em prática para acelerar a inovação e, sobretudo, superar os impactos da pandemia de Covid-19. O próprio Sistema OCB inovou ao lançar o CooperaBrasil, uma grande rede nacional na qual é possível encontrar produtos e serviços de cooperativas brasileiras, fomentando a intercooperação.

No Sistema Unimed, a Unimed do Brasil notou uma dispersão e fragmentação de informações voltadas à inovação dentro do Sistema, composto por 345 cooperativas. Por isso, decidiu criar o Unimed Lab, um hub para conectar todas as cooperativas do Sistema e ganhar convergência e escalabilidade de soluções, além de promover a intercooperação entre todas as Unimeds.

E não tem como falar de intercooperação sem lembrar da Unium, resultado da união entre as cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal. A iniciativa de intercooperação possui um modelo inovador que vem otimizando recursos e proporcionando aumento anual de cerca de 20% no faturamento conjunto das três cooperativas nos segmentos de lácteos, suínos e trigo.

A marca Unium, que representa as três cooperativas, completou 3 anos em 2020 e tem faturamento anual de cerca de R$ 7 bilhões. “Esse modelo, que já demonstrava bons resultados, teve sua força evidenciada durante a crise da Covid-19”, comenta Cracios Clinton Consul, gerente de Marketing da Unium.

5. Velocidade organizacional

Uma pesquisa da McKinsey confirma que a velocidade organizacional, eliminando burocracias, é um ingrediente essencial para um desempenho superior em um período de mudanças inéditas. A consultoria aponta três maneiras pelas quais as organizações podem ganhar velocidade para o longo prazo:

  • Desenvolver mecanismos para uma tomada de decisões mais rápida;
  • Melhorar a comunicação e a colaboração internas;
  • Aumentar o uso da tecnologia.

Os resultados da pesquisa indicam que vale a pena fazer um esforço para ganhar velocidade. Pois as organizações rápidas superam as outras por uma larga margem em uma ampla gama de resultados, como lucratividade, resiliência operacional, saúde organizacional e crescimento.

Além disso, por causa da pandemia, a pesquisa aponta que os executivos estão observando uma mudança sísmica no funcionamento das organizações. “Na maioria dos setores, mais da metade dos líderes entrevistados estão cogitando ou planejando mudanças em grande escala por necessidade”, diz a pesquisa.

Um líder do setor de saúde entrevistado pela McKinsey exemplificou: “pudemos implantar uma solução de atendimento virtual em toda a empresa em questão de semanas porque era só o que tínhamos. Essa implementação vinha sendo planejada havia mais de um ano, antes disso”.

Uma pesquisa do Gartner confirma essa tendência mostrando que, em 2021, as organizações precisam estar mais preparadas para lidar com qualquer tipo de disrupção em seus ambientes de negócios. Por isso, a consultoria lista a necessidade das organizações buscarem por negócios inteligentes combináveis, engenharia de Inteligência Artificial e hiperautomação.

6. Experiência digital

Como vimos no tópico anterior, estratégias de digitalização planejadas para meses tiveram que ser aceleradas para semanas durante a pandemia. Atualmente, no cooperativismo, só para citar dois exemplos, a associação digital e as assembleias virtuais são realidades no setor.

Segundo o Gartner, esse movimento de “independência de localização”, consequência do isolamento social, obriga as organizações a se adaptarem para prover uma boa experiência digital. Um exemplo é o Sicoob, que anunciou, recentemente, a marca de cerca de 100 mil cooperados digitais e, por isso, teve que reestruturar a experiência de associação. A cooperativa informa que toda tecnologia e processos de onboarding passaram por uma completa reformulação.

Desde 4 de dezembro, os interessados em se associar ao Sicoob contam com uma experiência completamente reformulada, em que foram utilizados os conceitos mais modernos de experiência do usuário. O Sicoob também modificou exigências de documentos e teve todo processo de backoffice modernizado, a fim de ter aprovações mais rápidas.

“Já oferecemos um serviço de excelência no atendimento físico. Queremos aprimorar cada vez mais os canais digitais para que eles estejam alinhados com esse nosso pilar”, afirma Francisco Reposse Junior, diretor de Comercial e de Canais do Centro Cooperativo Sicoob. "Com a reestruturação e o refinamento no backoffice, esperamos alcançar a marca de 15% de todas as associações realizadas no Sicoob via meio digital, sendo que atualmente estamos em 9%", completa.

A experiência digital do cooperado também passa pelas assembleias virtuais, que este ano obteve a regulamentação para ser permitida de forma permanente. Ou seja, as assembleias virtuais são uma realidade para as cooperativas e não apenas uma solução provisória devido à pandemia. É preciso tirar proveito disso para melhorar a experiência dos cooperados. Para saber mais, baixe o manual “como fazer assembleias digitais”.

7. Pessoas no centro

Por fim, mas não menos importante, vamos falar de outra tendência apontada pelo Gartner: a centralização nas pessoas, o que já é uma característica do cooperativismo.

Segundo a consultoria, a pandemia mudou a forma como as pessoas interagem com as organizações. Agora, elas passaram a estar, de fato, no centro de todos os negócios. Por isso, o Gartner aponta três tendências nesse sentido.

A primeira delas é a “internet dos comportamentos”, que nada mais é do que o uso de dados para mudar comportamentos. Por exemplo: monitorar dados sobre perfil de direção dos veículos para direcionar ações de melhoria da segurança no trânsito. Para o Gartner, as fontes de dados estão mais abundantes que antes, assim como a capacidade de analisar e gerar insights para a gestão também.

A segunda está ligada ao que o Gartner chama de “experiência total”, ou seja, a transformação dos negócios por meio da combinação da experiência do colaborador e experiência do usuário. Foi o que aconteceu diante da pandemia, com as empresas usando tecnologias para reduzir o contato entre cliente e funcionário sem prejudicar a experiência de atendimento.

E a terceira tem relação com a utilização de tecnologias que melhoram a privacidade das pessoas. Cibersegurança virou um tema ainda mais crítico com a pandemia. Para o Gartner, isso significa que a tecnologia deve encontrar caminhos que protejam a privacidade do usuário ao mesmo tempo que utiliza seus dados, atendendo também aos requisitos da LGPD.

Inclusive, para saber mais sobre a LGPD e como se adaptar a ela, acesse o nosso e-book.

8. Valores na comunicação

Desde o início da pandemia, a consultoria McKinsey tem ouvido centenas de pessoas no intuito de rastrear os novos hábitos pessoais e profissionais decorrentes do isolamento. A tendência mais marcante é a reflexão pessoal sobre o que é, de fato, essencial nas vida das pessoas.

Dessa forma, quando falamos em valores, existe uma preferência cada vez mais acentuada por trabalhar e consumir de organizações baseadas em propósito e não somente em lucro. Isso representa uma potencial oportunidade para cooperativas, que são organizações focadas em propósito e contribuem para o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão inseridas.

Sempre gostamos de lembrar que os valores do cooperativismo são bem atuais e totalmente conectados com a nova economia. Por isso, a tendência é aproveitar o momento para comunicar melhor sobre o modelo de negócio, para que as pessoas possam escolher conscientemente uma cooperativa. Inclusive, uma facilidade nesse sentido é o uso do carimbo SomosCoop, criado pelo Sistema OCB.

É hora, portanto, de criar engajamento em torno do cooperativismo. O desconhecimento tem sido um empecilho, prova disso é que a cada 10 brasileiros, apenas 4 sabem o que é cooperativismo, segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2019, da OCB. 

9. Aprendizado constante

A capacidade de aprender, reinventar e se adaptar foi necessária em 2020 e continuará essencial em 2021. São novos processos, tecnologias, padrões e desafios para nos adaptarmos todos os dias. O desenvolvimento de soft skills como resiliência, empatia, liderança, ética e colaboração são pré-requisitos para um trabalho inovador e alinhado com a realidade pós-Covid.

Por isso, leve este termo na sua jornada: lifelong learning. Na tradução livre para o português significa algo como “aprendizado ao longo da vida” ou aprendizado constante. Portanto, pressupõe que nunca é cedo ou tarde demais para aprender algo novo. Sempre haverá tempo para aprender algo novo na vida, seja no lado pessoal ou profissional.

Aliás, é essencial o desenvolvimento profissional. Vai muito além da graduação ou pós-graduação e precisa ser encarado como um processo sem fim, necessário para encarar a complexidade empresarial e as transformações.

Portanto, mais do que nunca, o investimento em novos aprendizados será essencial em 2021. Afinal, é preciso estar aberto para acompanhar as mudanças e não só se adaptar a elas, mas criar oportunidades e inovações.


Quer saber mais? Acesso nosso e-book: Tendências que impactam o Cooperativismo.

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