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6 lições para aprendermos com o país líder em inovação no mundo

Para continuar no topo da lista, a Suíça não abre mão do conhecimento e da educação

GESTÃO DA INOVAÇÃO17/04/20246 minutos de leitura

Segundo o Fórum Econômico Mundial, a Suíça é o país mais inovador do mundo. Mas o que podemos aprender com a Suíça sobre inovação?

Em 2023, o Brasil ultrapassou o Chile e se tornou líder de inovação na América Latina. No entanto, apesar de ter subido de posição no ranking mundial do Índice Global de Inovação (IGI), o país está na 49ª colocação. Já entre os países do BRICS, o Brasil está em terceiro lugar, atrás de Rússia e África do Sul.

Mesmo apresentando bons resultados, o Brasil ainda pode aprender muito com outras nações líderes em inovação no mundo, em especial a Suíça. Então, pegue o caderno e a caneta e se prepare para anotar todas as lições e implantá-las em sua cooperativa.

Diversidade e cultura

Apesar de ter um território bem menor que o Brasil, a Suíça conta com uma grande diversidade quando o assunto é idioma e cultura. O país conta com quatro línguas nacionais - alemão, francês, italiano e romanche - e é lar de diversas culturas e estilos de vida.

Mesmo com tantas diferenças, a sociedade suíça reconhece a importância da inovação e da ciência. Com a valorização da pluralidade cultural e de pensamento, o país construiu instituições de ensino e pesquisa de primeira, atraindo cientistas competentes.

De acordo com o relatório Research and Innovation in Switzerland 2020, a maioria da população confia na comunidade científica. A segurança na ciência e o reconhecimento da importância da inovação, ambos intrínsecos na cultura suíça, são essenciais para implementar políticas de inovação.

Colaboração e participação ativa

A realização dos projetos de inovação só é possível com a lei de inovação da Suíça, conhecida pela sigla RIPA. A norma responsabiliza o governo pelo estímulo da pesquisa e desenvolvimento. Além disso, ela também é responsável por promover discussões e submeter as propostas para aprovação da assembleia legislativa.

No entanto, diferentemente do Brasil, as decisões não são tomadas pelos representantes eleitos e sem a opinião da população. Questões fundamentais para a Suíça, por exemplo, são votadas pelos próprios eleitores.

Diante desta grande responsabilidade, a população é preparada para entender sobre os assuntos abordados e participar das discussões que vão afetar o desenvolvimento do país.

Valorização da cultura de inovação

O sistema de voto colaborativo também é responsável pela valorização da cultura da inovação na Suíça. Por entenderem as consequências positivas e negativas, os suíços têm a consciência de que propostas de inovação aumentam a qualidade de vida e a riqueza.

Com um sistema que incentiva o conhecimento, o desejo por inovação continua constante.

Educação precisa ser prioridade

Para construir a responsabilidade social dos suíços, a educação é essencial. O país não mede esforços para prover um sistema de educação de qualidade desde o jardim de infância até a pós-graduação.

A Suíça também incentiva a formação de estudantes em outros países e tem programas para receber estrangeiros nas universidades. A ideia é compartilhar conhecimentos que possam contribuir com o desenvolvimento do país, e fomentar a cultura da inovação no mundo.

Investimentos na academia e em pesquisas

O compromisso com a educação também pode ser observado nas universidades. A Suíça valoriza e incentiva a pesquisa por meio de fundos financiadores. A Fundação Nacional de Ciências da Suíça (SNSF), por exemplo, direciona os recursos para pesquisa básica. Já a pesquisa aplicada conta, majoritariamente, com a iniciativa privada.

Para que tudo isso seja possível, a coordenação das pesquisas segue uma gestão descentralizada que evita duplicidade de esforços. Além disso, promove a colaboração entre universidades, centros de pesquisa e iniciativa privada. A ideia principal é fazer com que as instituições de ensino e academias coloquem pesquisas em prática com a ajuda de empresas.

Previsibilidade e estabilidade proporcionam um ecossistema aberto a novas ideias

A valorização da colaboração e da cultura de inovação não foram as únicas variáveis responsáveis por tornar a Suíça líder em inovação no mundo. Por ser uma nação neutra durante diversos conflitos políticos e econômicos, a Suíça se tornou um dos principais centros financeiros.

Outro ponto interessante é que o país tem estabilidade econômica e social, e previsibilidade jurídica. Além disso, o país usa reguladores que fomentam o desenvolvimento.

E para o país poder crescer economicamente, foi necessário estabelecer relações comerciais e de prestação de serviços internacionais. Isso aconteceu, pois a Suíça, diferentemente do Brasil, não conta com uma abundância de recursos naturais. Por conta disso, o país europeu líder em inovação no mundo aproveitou da proximidade com países desenvolvidos para estabelecer relacionamentos.

Cooperativas suíças inovadoras

A cultura da inovação na Suíça também atingiu as cooperativas. Segundo o relatório Monitor Cooperativo 2020 da Idée Cooperative, a população suíça não enxerga as cooperativas como inovadoras, no entanto, o país conta com algumas cooperativas de sucesso - e com foco em inovação.

Gütter

Gütter, ou Bens, em português, é uma cooperativa localizada em Berna, capital da Suíça. A organização consiste em uma loja participativa, onde apenas as pessoas que trabalham lá por duas a três horas por mês podem fazer compras.

Segundo Nicholas Pohl, um dos associados da Gütter, a cooperativa oferece produtos iguais aos dos supermercados, mas a preços mais acessíveis. A ideia é usar o trabalho voluntário para evitar os custos de distribuição das mercadorias.

Red Brick Chapel

A Red Brick Chapel é a única gravadora cooperativa da Suíça. Ela pertence apenas aos músicos e produtores.

De acordo com Christian Müller, um dos cooperados, são os artistas que traçam o futuro da organização e mantêm o controle sobre as obras.

Veloblitz

A Veloblitz é uma cooperativa de entregadores de bicicleta que sempre estão vestidos com roupas refletivas amarelas. O diretor-gerente conta que a organização surgiu em 1989 com o desejo do fundador de empreender, distribuindo a responsabilidade.

Atualmente, os funcionários devem ser coproprietários da cooperativa. Entretanto, trabalhadores que não se tornam associados e ex-funcionários que ainda são cooperados ainda participam das discussões.

Mais que morar

Mais que morar é uma cooperativa habitacional em Zurique, na qual os moradores vivem em comunidade. Além da área residencial, o local conta com espaços para desenvolvimento de projetos de uso comum, como oficinas, sauna, parque interno e escritório compartilhado.

Os moradores também podem firmar parcerias com outras cooperativas. Um dos moradores, por exemplo, tem uma assinatura de colheita de vegetais e colabora com uma organização de leite. Mas, para receber os produtos, ele precisa trabalhar algumas vezes para as cooperativas.

Conclusão: a hora de fomentar a cultura da inovação no mundo é agora

A Suíça aproveita as oportunidades internas e externas para se desenvolver e focar na inovação do país. Mesmo sem muitos recursos naturais para construir sua economia, a nação se esforçou para criar um ambiente desenvolvido. Além disso, a cultura participativa é essencial para que propostas inovadoras continuem sendo implementadas.

Para se aproximar do país líder em inovação no mundo, o Brasil ainda tem um longo caminho a seguir. No entanto, sua cooperativa não precisa esperar tanto tempo assim para apostar em práticas inovadoras.

Se você quer aumentar a cultura da inovação em sua organização, mas ainda não sabe como, confira o Guia Prático: 9 medidas para promover a cultura de inovação na sua cooperativa do InovaCoop. Você não vai se arrepender - e vai inovar muito!

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