Contexto
Com 112 anos de história e a vontade de continuar crescendo, a Cooperativa Santa Clara criou, em 2020, um comitê de inovação intitulado InovaClara. O propósito da iniciativa é organizar as ideias e os programas de melhoria e inovação dentro da cooperativa.
Segundo Daniel Misturini, gerente de Tecnologia da Santa Clara, o InovaClara foi criado para que as propostas de melhorias fossem incentivadas dentro da organização e colocadas em prática. Outro objetivo era mobilizar os funcionários a desenvolverem e compartilharem novas ideias de inovação.
“Criamos o comitê para direcionar as iniciativas, incentivar o recebimento de ideias e buscar soluções no mercado para os desafios que aparecerem junto delas”, conta o gerente.
Vale pontuar que a cooperativa também resolveu buscar soluções fora do seu nicho, apostando na inovação aberta. A ideia é se relacionar com outras organizações que estão em busca de inovação e enfrentando desafios semelhantes.
Desafios
Apesar da ideia trazer diversas melhorias para a cooperativa, inclusive entre as lideranças, alguns desafios eram notórios. Segundo Misturini, a principal dificuldade é disseminar a cultura da inovação de forma contínua e em todos os setores da organização:
“É preciso ir aculturando as pessoas, treinando e chamando as pessoas para esse mundo sem ter medo de dar ideias”, explica.
O gerente de Tecnologia ainda pontua que o processo não é rápido e precisa ser constante. Isso porque, durante a divulgação, captação e coordenação dos projetos de inovação, ocorrem algumas mudanças nas equipes. Por isso, “divulgação e treinamento devem ser constantes”, completa.
A cooperativa também enfrentou algumas dificuldades durante o ano de lançamento do InovaClara. Por conta da pandemia de Covid-19, os treinamentos que aconteceriam presencialmente no Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) foram realizados remotamente.
Desenvolvimento
Para receber as inúmeras ideias e propostas dos colaboradores, o InovaClara conta com diversos canais criados especialmente para isso. Um deles são os comitês de qualidade, que já existem dentro da cooperativa há mais de 26 anos. Eles englobam cerca de 330 pessoas, distribuídas em 50 comitês.
Durante as reuniões recorrentes, as iniciativas de inovação são discutidas e, em seguida, passadas ao comitê de inovação, que as armazena em um software. Dentro dele, elas são avaliadas, classificadas como melhoria ou inovação e, após essa seleção, começa-se a busca por tecnologias e soluções que possam ser úteis.
O comitê de inovação é composto por oito pessoas de diferentes áreas, sendo elas: diretoria, marketing, TI, processos, industrial, ESG, RH e qualidade. Com tal diversidade, as iniciativas são colocadas em prática conforme o esperado, e monitoradas constantemente.
A dinâmica também pode acontecer em uma determinada área. Misturini explica que, quando necessário, alguns setores são convocados a participarem de reuniões ou eventos direcionados.
Resultados
Em menos de cinco anos de implementação, o InovaClara já está fazendo a diferença no dia a dia da cooperativa. O gerente de Tecnologia conta que diversos processos foram digitalizados e que a automação de software e industrial trazem ganhos financeiros consideráveis.
“Não tivemos nenhuma inovação disruptiva até o momento, mas estamos aplicando melhores práticas, digitalização e automação em inúmeros processos”, explica Misturini.
O programa de inovação também afetou positivamente a cultura de inovação dentro da Santa Clara. Por divulgar, captar e coordenar as iniciativas, ele é responsável por incentivar os colaboradores a proporem ideias e melhorias.
E durante o primeiro InovacoopRS Summit, que aconteceu em 2023, a cooperativa marcou presença. O evento promovido pela Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs) deu espaço para que o InovaClara fosse apresentado.
No mesmo ano, a cooperativa se associou ao Instituto Hélice, que representa um conjunto de organizações focadas em inovar de forma colaborativa. A cooperativa também executou um diagnóstico de inovação para avaliar a iniciativa e seu efeito no dia a dia.
Próximos passos
A meta para 2024 é mergulhar ainda mais no universo da inovação. Para isso, o gerente conta que a ideia é se basear nos resultados apresentados pelo diagnóstico para aumentar a maturidade em inovação.
Além disso, junto ao Instituto Hélice, a cooperativa planeja criar uma tese de inovação. Com ela, a organização identificará campos onde deseja atuar, como ESG e educação, e detectará problemas que gostaria de resolver em cada um deles. Após esse processo, ela é capaz de elencar caminhos prósperos para a inovação.
E, de acordo com Misturini, para superar os desafios para o desenvolvimento da cooperativa, é necessária ajuda externa: “Temos vários desafios para buscar tecnologias, startups e processos para melhorar. Continuaremos nessa caminhada", finaliza.
